“VIVER MELHOR COM A RIA(BILITAÇÃO) DE AVEIRO”
Em Aveiro, à semelhança do que acontece nas restantes sociedades contemporâneas, os utilizadores dos edifícios esperam, de uma forma generalizada, padrões elevados para os mesmos no que respeita à durabilidade e à resistência aos agentes de deterioração e simultaneamente, conforto térmico, acústico, de iluminação natural e de ventilação. Para tal, é expectável que elementos como fachadas, paredes exteriores, varandas, coberturas e caixilharias resistam aos referidos agentes, sejam arquitetonicamente agradáveis e que, ao mesmo tempo, sirvam de isolamento, criando uma imagem de equilíbrio.
Resultado de alguma experiência que venho obtendo nos últimos anos nesta região, constato que mesmo os edifícios recentemente construídos não apresentam a qualidade desejada, havendo alguns com patologias consideradas graves que condicionam a sua utilização. Esta falta de qualidade deve-se sobretudo à complexidade dos elementos durante a construção, à rapidez exigida, ao desconhecimento da aplicação de alguns materiais, à falta de garantia dos mesmos e à inexistência de um especialista na equipa durante o processo de trabalho.
Nesta região, os edifícios recentes vivem de “mãos dadas” com os edifícios antigos (construídos antes do betão armado se tornar no material estrutural dominante, o que ocorreu na segunda metade do século XX), havendo, entre estes, muitos com os princípios estéticos adoptados pela Arte Nova, onde existe uma forte ligação entre painéis de azulejo, elementos em ferro forjado, de pedra e de vidro, levando a cidade de Aveiro a ser considerada cidade-museu da Arte Nova em Portugal.
Durante décadas, não se deu a devida atenção à calamitosa degradação do edificado e, nos últimos anos, o tema “Reabilitação” tem merecido especial destaque no seio dos diferentes quadrantes da sociedade. Cada vez mais se assiste a uma crescente preocupação dos cidadãos e de algumas instituições pela reabilitação do património edificado.
O leitor, deduzindo que as técnicas e materiais utilizados na construção dos diferentes tipos de edifícios são totalmente distintos, certamente perguntar-se-á: As patologias diagnosticadas serão idênticas em todos os edifícios? A estratégia de intervenção será a mesma em casos diferentes? É importante um projecto de reabilitação? Existem melhores resultados finais nas obras de reabilitação se as mesmas forem sujeitas a fiscalização? Será necessário recorrer a técnicos especializados no âmbito da reabilitação do edificado?
Neste momento de fragilização económica que o país atravessa, surge paralelamente a ponderação da realização de manutenção e, devido à complexidade quer do processo de manutenção, quer do processo da reabilitação dos edifícios, acumulado com o facto de estarem no mercado agentes e equipas tecnicamente não especializadas, torna-se pertinente reflectirmos sobre quais as necessidades/expectativas em relação à reabilitação e/ou manutenção dos nossos edifícios e que nível de satisfação teremos no futuro.
Essa reflexão certamente que nos fará viver melhor com a ria e com a reabilitação de Aveiro.
“…torna-se pertinente reflectirmos sobre quais as necessidades/expectativas em relação à reabilitação e/ou manutenção dos nossos edifícios e que nível de satisfação teremos no futuro.”
Artigo publicado no Jornal “Diário de Aveiro”